Planeta dos Macacos – O Reinado

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Dirigido por Wes Ball (“Maze Runner”) o novo longa da franquia lançada nos anos 60, me decepcionou. A julgar pelos trailers que foram divulgados, me pareceu que estaríamos mais próximos da trilogia original, o que acabou não se confirmando.


Apesar de trazer uma boa atuação de Owen Teague (“Noa”), as participações de Kevin Durand (“Maximus César”) e Freya Allan (“Mae”) deixam um pouco a desejar. O primeiro, por não conseguir com sua atuação transmitir o perigo que deveria ser, tanto para os macacos como para os humanos. E a segunda por se apresentar com uma atuação fraquíssima com um personagem que vejo muito mal definido e incoerente com a história.


Num futuro de algumas gerações após Planeta dos Macacos – A guerra” (2017), encontramos Noa que é membro de uma pacífica tribo de chimpanzés que não sabe da existência do vilão Maximus César e de sua tribo de gorilas, que não têm contato com os Ecos (humanos), e que vive em função da criação de águias que, treinadas, lhes trazem alimentos e até mesmo lhes servem como arma de defesa. Tudo vai bem até que são atacados pelos gorilas da tribo de Maximus César, que acabam matando seus líderes, destruindo a aldeia e capturando os membros remanescentes. Cabe então a Noa, salvar seu povo com a ajuda de uma humana (Mae) e de um orangotango chamado Raka (“Peter Macon”) que segue o legado e os ensinamentos do grande César dos filmes anteriores, e que se tornou uma lenda pregando que
“Macaco não mata macaco”.


O longa conta com um CGI incrível, é ágil, tem uma boa dose de ação, trás muitas referencias aos filmes da franquia original, mas deixa alguns furos no roteiro, ao passo que (assim como nos longas anteriores) também nos faz refletir sobre a questão da nossa evolução política, social e religiosa. Mas é um longa que apenas expande a franquia, acrescentando muito pouco (no final) para a sua continuação.

Uma vida: a história de Nicholas Winton

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O filme “Uma vida: a história de Nicholas Winton” é baseado na história real do britânico que, às vésperas da Segunda Guerra mundial, ajuda a salvar a vida de centenas de crianças da ocupada Tchecoslováquia.

Com direção de James Hawes, participação de Helena Bonham Carter, e a sempre brilhante atuação de Anthony Hopkins, o longa trata o tema com a sensibilidade que merece. Hopkins consegue transparecer toda a angústia do protagonista que mesmo passadas décadas dos fatos, ainda não consegue se distanciar emocionalmente do que viveu e da culpa pelos que não conseguiu salvar, apesar das 669 vidas salvas.

Johnny Flynn, que interpreta Winton na primeira fase, tem uma boa atuação, mas não consegue transmitir 100% a profundidade necessária ao personagem. Era ele quem estava nos momentos mais tensos e complexos da narrativa e poderia ter entregado mais a emoção de um sujeito que lutava pela vida de centenas de crianças que corriam risco iminente de morte. A maior parte da emoção fica a cargo de Hopkins. Mas qualquer bom ator estaria em um lugar difícil ao interpretar o mesmo papel do veterano.

A narrativa foi bem construída para levar o espectador pelas nuances existentes das lembranças do passado que se arrastaram ao longo do tempo na vida do homem que foi, inclusive, condecorado pela rainha Elizabeth.

A cena do programa de TV que homenageou Winton foi uma reprodução bem próxima da original, que pode ser encontrada no YouTube.

O filme merece ser visto. Não apenas por contar uma história que merecia ser narrada, como também por retratar eventos de importância histórica que ocorreram oito décadas atrás e, por vezes, ficam esquecidos, em tempos de internet e redes sociais.

    Duna – Parte 2

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    A saga da família Atreides no planeta Arrakis dos livros de Frank Herbert nos anos 60, foi referência para muitas produções cinematográficas da ficção. A mais notável sem sombra de dúvidas foi Star Wars que alcançou o maior sucesso e o maior número de fãs e entusiastas. Se você prestar atenção, tudo que está em uma obra você facilmente encontra na outra. Uma galáxia dominada por um império, um jovem que no decorrer da saga descobre que é especial, um culto de milênios, e um inimigo poderoso que manipula tudo a distância. Mas o que mais chama minha atenção é fato de que uma outra história muito mais conhecida também esta presente de uma maneira muito singular. A história de um messias prometido por profecias de milênios que virá para libertar um povo do julgo de um império opressor, e que transformará a vida de todos. Preste bem atenção nisto.


    O diretor Denis Villeneuve que já brilhou em Duna – Parte um, nos transporta para um universo da ficção científica poucas vezes visto e que com certeza levará o muito público aos cinemas. Efeitos especiais incríveis, trilha sonora de primeira linha, roteiro bem desenvolvido e atuações e ação impecáveis. Alguns já consideram o longa uma obra prima, e o Rottem Tomatoes dos EUA que compila as opiniões dos principais críticos de cinema deu uma nota de 97% ao longa.


    Parabéns ao diretor, a produção, e em especial a Timothée Chalamet (Paul Atreides) que consegue com seu talento nos surpreender e convencer com um personagem complexo que ás vezes tem que decidir e agir levando em contas seus mais profundos dilemas, medos e responsabilidades.


    É um filme imperdível com um nível altíssimo de qualidade em todos os aspectos. Vale a pena ir ao cinema, e a experiência fica ainda mais prazerosa ampliada pelo IMAX.

    Por Álvaro Machado

    Ferrari

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    Dirigido pelo diretor Michael Mann (O informante, O Último dos Moicanos), e estrelado por Adam Driver (“Enzo Ferrai”), Penélope Cruz (“Laura Ferrari), o longa é uma cinebiografia que nos traz uma parte da história do empresário italiano criador de uma das mais famosas e desejadas marcas de veículo esportivo do mundo.  

    Perfeccionista, o seu desejo e obsessão era construir carros perfeitos que fossem capazes de sempre vencer seus concorrentes, para poder vende-los, assim como ainda é hoje, a um grupo seleto de clientes. Mas esta obsessão que o leva à quase falência, os problemas pessoais que envolvem a morte do filho por uma doença, assim como a lembrança de amigos que morreram na época que ainda era também um corredor, o fazem se sentir acuado e pressionado. Sua única opção para valorizar sua marca é vencer as Mille Miglie que é uma corrida de rua e estrada, para mostrar qualidade e capacidade de seus carros, principalmente sobre sua principal concorrente na época que era a também famosa e ainda muita conhecida Masserati.

    Particularmente, não é o tipo de filme que me agrada. Preferiria uma biografia mais voltada para sua vida com ênfase na criação da marca Ferrari. Acredito que vai alcançar e agradar um público muito especifico, principalmente aqueles que gostam de automobilismo, pois terão a oportunidade de ver como as coisas funcionavam nos idos de 1950, antes da Fórmula 1, onde os pilotos usavam apenas um capacete, roupas comuns, e nem cinto de segurança tinham.

    Uma curiosidade é a participação do brasileiro Gabriel Leone (“Alfonso Portago”)  que faz o papel de um playboy espanhol que em determinado momento se torna o principal piloto da escuderia, e que em breve vai viver Ayrton Senna, no longa “Senna” que estreia ainda este ano. Você verá nesse longa algumas coisas muito semelhantes.


    por Álvaro Machado

    Argylle

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    Gênerico de 007. Esta é a definição de Argylle. Para quem gosta de filmes de espionagem, é um prato bem servido. Inúmeras são as referências e as cenas simplesmente copiadas dos filmes do mais famoso dos espiões. Inclusive é escandalosa uma cena em que nitidamente você se sente na abertura de um filme de 007.

    Dirigido por Matthew Vaughn (‘Kingsman’) e estrelado por Henry Cavill (‘The Witcher‘, ‘Liga da Justiça‘), Sam Rockwell (‘Jojo Rabbit’), Bryce Dallas Howard (‘Jurassic World‘), Bryan Cranston (‘Breaking Bad’), Catherine O’Hara (‘Schitt’s Creek’), John Cena (‘Velozes e Furiosos 9′), Samuel L. Jackson (‘Espiral: O Legado de Jogos Mortais‘) e a cantora pop Dua Lipa, apesar de não ser uma história de espionagem tradicional, tem todos os clichês que se espera deste tipo de filme.

    Ao que parece será uma nova franquia, já que o diretor Mattew Vaughn, dirige também a bem sucedida franquia de Kingsman que já conta com 3 filmes.

    Bem humorado, e com todas as cenas “clichês” dos filmes de espionagem, quem assistir vai se divertir. Mas se alguém for ao cinema esperando uma grande participação de Superman (“Henry Cavill”’) vai se decepcionar um pouco. Embora a publicidade trabalhe bastante com sua imagem, você vera que a história não é bem assim.

    Aquaman 2

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    Melhor que o primeiro. Sim, o segundo e último filme do Aquaman do Snyderverse é muito melhor que o primeiro. Embora tenha alguns problemas no roteiro, invencionices (nunca ví o Tridente Negro nos quadrinhos) e exagerando um pouco no “alívio cômico” Aquaman 2 é um filme que consegue levar ao espectador diversão e ação.


    O longa começa mostrando o quanto é desgastante e complicado para ele dividir seu tempo entre suas obrigações como pai de família (ele e suas obrigações como soberano de Atlântida. Ele agora é pai e precisa estar presente no dia a dia do seu filho. Tudo vai indo até que seu arqui-inimigo Arraia Negra, ainda querendo se vingar pela morte do pai, descobre um segredo até então muito bem guardado pelos Atlantis, que pode levar tanto Atlântida como toda a humanidade à total destruição. Só que para poder vencer, Aquaman é obrigado a deixar as diferenças de lado e buscar ajuda de seu irmão Orm, antigo rei de Atlândida no filme anterior.

    Com uma pegada bastante ecológica e atual, mas também com um pouco de mistério e uma pitada de terror, o longa é uma boa mistura de ação, aventura, humor (não deixe de assistir a cena pós crédito) e drama.


    Estrela por Jason Momoa (“Aquaman”), Patrick Wilson (“Orm”), e Amber Heard (“Mera”), Yahya Abdul-Matten II) (“Arraia Negra”), e com a direção de James Wan, o longa é eficaz e cumpre melhor que muitos outros filmes de heróis, seja da Marvel ou da DC, o seu papel de trazer diversão.

    Assassinos da Lua das Flores

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    Baseado em uma história real e inspirado no best-seller de mesmo nome, o filme Assassinos da Lua das Flores conta a história do assassinato dos milionários índios Osage, crimes que culminaram na criação do FBI, nos Estados Unidos. Tem direção de Martin Scorsese e conta com Robert De Niro e Leonardo DiCaprio no elenco.

    Trata-se da história da tribo Osage que descobre petróleo em suas terras e se torna um dos povos mais ricos dos EUA na década de 1920. Neste território, chega Ernest Burkhart (Leonardo DiCaprio), sobrinho de William Hale (Robert De Niro), que habita o território Osage e demonstra ter boa relação com eles. Ernest se relaciona com a Mollie (Lily Gladstone), osage extremamente rica e que sofre com os seguidos assassinatos de pessoas de sua família e povo.

    O filme tem três horas e meia e apesar do ritmo lento, há tanto para ser narrado e esclarecido que não fica entediante. Apesar da aproximação com os filmes de faroeste, apresenta uma perspectiva diferente deles no que diz respeito à relação entre brancos e povos originários. Levanta questões como a ganância, a exploração de petróleo e o extermínio de comunidades indígenas.

    A atuação de De Niro e DiCaprio enchem a tela. Já era de se esperar que fossem fazer um bom trabalho ao construir esses personagens complexos e profundos, e o fazem brilhantemente. O destaque fica para Lily Gladstone, que de forma fascinante consegue demonstrar pensamentos e emoções complexas mesmo em momentos de silêncio. A direção de Scorsese também é muito hábil ao apresentar a história do livro do jornalista David Grann.

    Grande candidato a prêmios, Assassinos da Lua das Flores estreia dia 19 de outubro de 2023 nos cinemas e também na Apple TV.

    O Protetor: Capítulo Final

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    Dirigido por Antoine Fuqua e tendo como roteirista Richard Wenk, o filme O Protetor: Capítulo Final, estrelado por Denzel Washington (“Robert McCall”) e Dakota Fanning (“Emma Collins”), é o terceiro e último filme da franquia de ação O Protetor (The Equalizer).


    Robert McCall (Denzel Washington) é um ex-agente da Cia que usa suas habilidades para ajudar pessoas inocentes e injustiçadas. Após deixar os EUA, ele agora está morando no sul da Itália. Lá, descobre que os novos amigos que fez estão em perigo, e ao tentar defendê-los, acaba se envolvendo com a Camorra organização criminosa italiana, aliada a Máfia). Só que desta vez, ele conta com a ajuda de Emma Collins, uma agente da Cia com ligações na Europa. À medida que os eventos se tornam cada vez mais violentos e mortais, McCall resolve reativar suas habilidades e realizar justiça.


    O roteiro tem muitas inconsistências, mas agrada e proporciona muita ação. McCall enfrenta os diversos capangas da máfia, usando armas improvisadas, artimanhas e estratégias inteligentes. Como em outros filmes do gênero, e nos filmes anteriores, ele é o exército de um homem só, que inimigo algum consegue deter.


    O filme não deixa muito claro se realmente este é o capítulo final da franquia, mas até poderia ser (tenho minhas dúvidas). Mas entendo que se for mesmo, faltou uma conclusão mais épica e satisfatória. A franquia, que se propôs mostrar a jornada de Robert McCall como homem justo e heroico desde sua aposentadoria caminhou bem nos longas anteriores, mas derrapa na reta final. Robert McCall (com dois “c” e dois “l” merecia um pouco mais.

    Por Álvaro Machado

    Som da Liberdade

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    Considerado o filme mais polêmico de 2023 chega aos cinemas brasileiros Som da Liberdade (“Sound of Freedom”, no original). Dirigido pelo diretor mexicano Alejandro Monteverde (“Bella”) e estrelado por Jim Caviezel (“A Paixão de Cristo”), Mira Sorvino (“After – Depois da Promessa”), Bill  Camp (“12 Anos de Escravidão“), Cristal Aparício (“Perdida”), Javier Godino  (“O Segredo dos Seus Olhos”), Yessica Borroto Perryman (“Quatro Estações em Havana”), Eduardo Verástegui(“Segurança de Shopping 2”), Gustavo Sánchez Parra  (“Amores Brutos”) e José Zúñiga (“Crepúsculo”), o longa é um drama de ação baseado em fatos reais, que se debruça sobre a questão dos pedófilos e do tráfico de crianças.

    No longa, dois irmãos Hondurenhos, Miguel de oito anos e sua irmã Rocío de 10 anos, são sequestrados e levados para a Colômbia através de um infame e sórdido esquema de tráfego infantil. Nada é explicito, mas fica bastante evidente as situações degradantes e repugnantes pelas quais são obrigados a passar.

    Tim Ballard (Jim Caviezel), é um agente especial americano que em sua caça por pedófilos acaba por salvar Miguel. Quando entende os abusos e o sofrimento pelos quais o menino passou; e fica sabendo sobre Rocio (que ainda está em poder dos traficantes), seu caráter cristão, e seus sentimentos como pai o levam a largar tudo para buscar por ela e capturar seus algozes.

    O filme tem uma grande carga de emoção e seu ritmo com mais de duas horas não deixa a história em momento algum ficar monótona. O roteiro com o viés cristão, tem seus problemas no que se refere a várias situações nitidamente improváveis, mas nada que comprometa a mensagem que deseja passar. O longa é bem desenvolvido e consegue equilibrar sentimento cristão, empatia, drama e ação.

    A atuação das crianças Lucás Ávila (Miguel) e Cristal Aparicio (Rocio) que vivem os irmãos sequestrados merece destaque e aplausos. Jim Caviezel, excelente ator que é, tem atuação consistente e convincente, mas deveria projetar um pouco mais a voz. Em vários momentos, a voz abafada do ator nos remete a Bruce Wayne falando como Batman.

    O Som da Liberdade é um drama denso, e por ser baseado em fatos reais se torna ainda mais comovente. Gerou várias polêmicas, mas se tornou o primeiro filme cristão independente a ultrapassar a marca de U$ 100 milhões no mercado interno americano desde a pandemia, chegando a ultrapassar a bilheteria do último filme de Indianas Jones. É a realidade ultrapassando a ficção.

    Por Álvaro Machado

    Besouro Azul

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    Com roteiro de Gareth Dunnet-Alcocer e direção de Ángel Manuel Soto, Besouro Azul chega neste 17 de agosto aos cinemas. O herói da DC é interpretado pelo ator Xolo Maridueña na pele de Jaime Reyes que, após o contato com um escaravelho alienígena, ganha super poderes (querendo ou não).

    Tem tudo que se espera de um clássico filme de super-herói: é cheio de ação, efeitos especiais e clichês. O que o diferencia é o contexto latino, que inclusive é o motivo para diversas piadas e até alguns toques de críticas sociais. As referências mais divertidas são um deleite para os latinos (inclusive brasileiros) que certamente entendem melhor alguns momentos e piadas do filme do que os próprios americanos.

    Alguns furos no roteiro incomodam porque são banais demais para terem deixado passar. É aquele tipo de coisa que você percebe que só acontece porque é necessário para a história, mas que poderia ter uma explicação melhor. É carregado de efeitos especiais que nem sempre são realistas, mas são bem feitos e surpreendem.

    Susan Sarandon, no papel da vilã Victoria Kord, deveria ter sido mais bem aproveitada. Ter uma atriz desse calibre no elenco permitiria uma personagem mais bem desenvolvida, mas o talento dela preenche a personagem, apesar disso. 

    E falando em talento de atriz, Bruna Marquezine mostrou que não chegou para brincadeira e dá uma bela amostra de todo seu talento. Ela brilha na tela e rouba as cenas. Para Bruna, Besouro Azul é só o começo de uma trajetória de sucesso em Hollywood (pode dar o print nesse post e cobrar depois). É só uma questão de tempo (e de ficar mais à vontade atuando em inglês) para o mundo reconhecer o talento que o Brasil já conhece.

    O filme vai fazer sucesso, apesar das falhas superficiais. É leve, divertido, cheio de ação (como promete), e ainda faz acenos para o Brasil. E ah, tem cena pós créditos. Divirtam-se!